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Entrevista: Alok prepara set especial para Lollapalooza e fala sobre residência de shows em Vegas e single reggaeton com Anitta


A primeira noite do Lollapalooza, na sexta (23/3), vai terminar com rock e música eletrônica. No Palco Budweiser, Red Hot Chili Peppers fazem show – ao mesmo tempo em que o DJ Alok apresenta seu set no Palco Perry’s By Doritos. É um grande desafio para o brasileiro, e ele sabe muito bem disso. Por essas e outras, está preparando um show bem especial – e exclusivo – para o festival no Autódromo de Interlagos. Em entrevista ao POPline, ele conta o que o público pode esperar para o Lolla e também para os próximos meses em sua carreira. Até residência de shows em Las Vegas vai rolar.

Mais uma vez no Lollapalooza! O que a gente pode esperar dessa apresentação?
Estou fazendo um set muito exclusivo para o Lollapalooza. É um set no qual a gente está trabalhando há mais de três meses, porque é todo disponibilizado com audiovisual e efeitos. Tem muita novidade. Claro que, nos últimos shows que fiz agora, já fiz alguns testes para o Lollapalooza. Pelo fato de ser o headliner da noite, tenho um horário privilegiado, etc. e tal, mas tem o outro lado: compete com o Red Hot Chili Peppers. Então vou fazer um set bem dinâmico, com bastante novidade, para surpreender o público nesse horário, que é complexo.

Ser headliner é uma moral, né?
É uma moral, mas traz também um peso de você tocar no mesmo horário do Red Hot.

Como é montar um set para um público tão diverso quanto o Lollapalooza?
É um set específico. Independente de eu ser um artista, com a minha personalidade, eu preciso respeitar muito o ambiente em que estou e ter criatividade para isso. O set do Lolla vai ser muito diferente do que geralmente faço, inclusive em outros festivais, mais voltados para a cena eletrônica, então vai ser bem dinâmico. Por ser um público de festival, acredito que também está mais aberto para experimentar novidades.

Você acha que a música eletrônica já se consolidou no Brasil?
Não. Acho que falta muito ainda. A gente está no processo. Estou feliz demais com a ascensão da música eletrônica. Acho super interessante que mais DJs, mais músicas, tenham espaço. Uma cena não se sustenta com alguém sozinho, então estou feliz que vários artistas estão ganhando espaço também para montar uma cena juntos. Mas estou vendo também que a cena eletrônica está sendo difundida para outros tipos de público, e isso é o mais legal. Não é só mais uma coisa experimentada em um nicho. Eu vejo, por exemplo, o público do Villa Mix que hoje em dia adora a música eletrônica. Ela teve uma quebra de barreiras enormes.

Que dica de novos artistas da cena eletrônica você daria?
Eu adoro fazer pesquisa para descobrir novos artistas. É claro que adoro os artistas já consagrados, que quebraram muitos paradigmas lá atrás, David Guetta, Avicii, que são reconhecidos até hoje. Mas adoro quem está chegando com novidades, como Marshmello, The Chainsmokers, e vários outros. Mas gosto muito de fazer pesquisa sobre nomes não tão conhecidos, e que tem uma sonoridade muito legal. Você começa a explorar bastante playlists no Spotify, que tem uma variedade enorme. No Brasil, tem bastante gente que eu acho incrível, como Sevenn; adoro o trabalho de artistas que já são mais conceituados, como Gui Borato; e gosto muito de artistas lá de fora, que estão vindo com coisa boa. Tem muita coisa. O interessante é você pesquisar.

Você consegue ver outros shows quando participa de festivais?
É muito difícil. Eu vou tentar de verdade. Mas já estou me conformando (risos).

Ultimamente, você tem experimentado novas sonoridades: remixou Mamonas, gravou com Simone e Simaria, anunciou música com Seu Jorge. O que tem te interessado musicalmente?
O caso da Simone e Simaria é algo muito específico. Ali eu era mais um produtor da Simone e Simaria. A música já existia, já havia toda a composição, e eu entrei pra agregar. Mas eu não consegui expressar muito a minha personalidade naquela música. Inclusive fiquei relutante para fazer o lançamento: se entrava junto, se não entrava junto, eu queria ser só o produtor e tal. Depois acabei, enfim, lançando com elas. Mas é uma coisa mais delas. É diferente da música com Seu Jorge: é bem autêntica e meu elemento está compondo bem com o elemento do Seu Jorge. Eu sou muito fã de misturar música eletrônica com português cantado, ainda mais com um artista tão consagrado como Seu Jorge. Mas estou ouvindo de tudo. Não estou me limitando mais, não, viu?

Eu percebi!
É isso aí! (risos)

Você está com sua carreira internacional e disse que tem uma música com a Anitta, que também está internacionalizando a carreira dela. O que você pode adiantar dessa parceria?
Estou bem empolgado com essa música com a Anitta. Vai ser reggaeton com eletrônico. Vai expressar bem meu lado e o elemento da Anitta também. É bem maneira a música.

Tem previsão de lançamento?
Estou cruzando os dedos para conseguir lançar nesse primeiro semestre, mas não posso garantir. As coisas vão mudando, entendeu? Eu não posso lançar junto com as coisas dela. Ela estava com aquela sequência “CheckMate” e tinha um cronograma de lançamentos, no qual não dava para interferir. Agora estou tendo também a minha agenda, então a gente tem que alinhar isso, para não deixar escapar uma música dessa, desse porte.

Você começa sua residência de shows em Las Vegas no mês que vem. Qual sua relação com a cidade?
Las Vegas é um lugar de entretenimento muito forte, e a balada é um dos picos mais fortes de Vegas. Eu toquei cinco vezes lá e acho que, pela repercussão, decidiram apostar no Alok lá, junto com Marshmello, David Guetta… é um desafio a mais na carreira, mas estou otimista e empolgado pra caramba. Pra mim, não justifica morar nos Estados Unidos, por causa do momento que vivo no Brasil, na China, na Europa… vou ter que conciliar a residência com minha agenda, então neste ano a residência vai ser no verão. No ano que vem, já vai ser outra proposta.

Mas essa residência vai te deixar inevitavelmente mais fixo nos Estados Unidos, pelo menos no verão de lá.
É, mas vou sofrer um pouco com logística para conseguir fazer Europa e Estados Unidos na estação. Vou ficar fazendo a ponte aérea.

Quanto tempo você vai passar no Brasil neste ano?
A previsão é metade do ano fora, metade do ano aqui. Seis meses. No ano passado, acho que foram sete meses fora. É porque, neste ano, decidi não passar temporadas fora e fazer mais bate-e-volta, por mais que seja mais cansativo. Aí consigo ficar mais no Brasil.

Você reatou seu namoro no ano passado. Como é essa rotina de namoro à distância?
Na verdade, ela faz Medicina, está no fim, então deve até agradecer [eu ficar fora] (risos). A gente tem um relacionamento saudável. Realmente, a gente não se encontra muito, mas é intenso. O que importa é a intensidade. Essa distância é boa até para o convívio. Acaba sendo bom.

Neste ano, então, você tem a residência em Vegas, turnê, música com Seu Jorge, música com Anitta. Algo mais?
Mês que vem, solto uma música chamada “Ocean”. Aí tem a música com a Anitta e quero envolver nesse projeto também o Kevinho. Mas aí é mais voltado para o Brasil, né. Também estou com músicas que serão lançadas com cantores gringos. Hoje em dia, vivo dois mercados intensamente: músicas feitas especialmente para o Brasil, como a música com Matheus & Kauan, e músicas voltadas para o mercado mundial, como a própria “Ocean”. São trabalhos paralelos, então vai ter muitos lançamentos neste ano. O que estou agoniado, e é uma agonia boa, é que tenho muita música para lançar. Acho que depois da “Ocean”, vou engatar numa coisa de uma música por mês pelo menos.

Então, para terminar, deixe um recado para os leitores do POPline.
Poxa! Eu só tenho a agradecer aos leitores do POPline. O POPline é um veículo que tem me apoiado bastante, é um veículo que traz bastante transformação e dinâmica pro mundo, inclusive eu entro bastante. Eu acho legal que o público do POPline é ácido, é criterioso e entende do que está rolando. Ele é um público crítico, no sentido positivo, porque consegue nos trazer uma leitura bem realista do que está rolando. Então, cara, até mesmo nos leitores do POPline eu me espelho e acabo tomando como referência de opinião para minha carreira. Acho que o leitor do POPline é o mais dinâmico. Muito legal.