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Entrevista exclusiva: Alinne Rosa conta segredo dos baianos para aguentar oito horas no trio pulando e cantando sem playback


alinne rosa

Esse Carnaval vai ser especial para a cantora Alinne Rosa. Depois de dez anos à frente da Banda Cheiro de Amor, a artista de Itabuna vai comandar um trio sozinha pela primeira vez em Salvador. Sua recente carreira solo, que começou no ano passado, desfruta de sucessos como “Complicamos Demais” e “Chegue Chegando”, e terá seu auge na folia baiana. “Estou vendo como uma conquista. Estou ansiosa, mas muito feliz também!”, ela diz, em entrevista ao POPLine, direto de São Paulo, onde cumpre diversos compromissos de divulgação antes de fazer a festa nos circuitos Campo Grande e Barra-Ondina.

Vão ser vários dias seguidos, fazendo o que ela sabe fazer de melhor: animar a galera. Em dia de trio, a artista chega a ficar até oito horas cantando (ao vivo!) e pulando. Como isso é possível? Os artistas internacionais não aguentam duas horas de show cantando e dançando! Na Bahia, não tem isso de playback não. Qual o segredo? “Minha fonoaudióloga costuma dizer que somos maratonistas da voz. Em nenhum outro lugar do mundo tem artistas que fazem isso”. Mais um motivo para valorizar a cultura brasileira, não é não?

Claro que, como ninguém é de ferro, Alinne também adora as popstars internacionais. Na entrevista, ela cita Rihanna e Miley Cyrus, e adianta que, se tiver tempo de ensaiar com a banda, vai tentar incluir uma música delas no Carnaval. Imagine!

Como estão os preparativos para o primeiro Carnaval da carreira solo?
Tá uma loucura! (risos) Neste mês, está uma correria danada, definindo o repertório, fechando o figurino e tudo mais. Estou com uma ansiedade monstra.

Como você encara essa estreia solo no Carnaval: um desafio ou uma conquista?
Ah, eu estou vendo como uma conquista. Estou ansiosa, mas estou muito feliz também. Os fãs estão acompanhando isso e me mostram o quanto estão ansiosos também, contando os dias, e eu quero fazer algo muito especial para eles.

O que a gente pode esperar do seu bloco?
Eu estou fazendo um repertório focado basicamente na minha história, no que eu vivi nos últimos dez anos, e também muita coisa da minha carreira solo – as músicas inéditas, que já faço nos shows. E também estou esperando confirmarem algumas participações de convidados. Muitas surpresas… Além do primeiro Carnaval da minha carreira solo, o axé também está comemorando 30 anos, então muita coisa vai acontecer. Vou focar bem na emoção.

Você pode adiantar algum convidado?
EU não posso, porque ainda estou esperando a confirmação deles. Depende muito da agenda.

Saiu no jornal que esse verão ainda não emplacou um hit aqui no Brasil. Mas muitas “músicas do verão” foram consagradas nos carnavais. Você tem alguma aposta para este ano?
Olha, tem tantas! Lá em Salvador está fervendo muito. Todos os artistas estão tocando suas músicas. Cada um acredita na sua. A minha é “Estilo Meu” e, nos shows, a galera se joga muito. Isso não depende muito da gente, né? A gente toca também muita música uns dos outros. Tem muita coisa legal. Não sei uma para eu apostar ainda não… Tem muitas boas, que inclusive estão no meu repertório: Psirico, Ivete [Sangalo], Claudia [Leitte]… A gente tem trocado muito, a gente se toca muito. Mas não dá para apostar, porque muita coisa acontece no Carnaval mesmo, da música ser transformada no Carnaval.

Você está trilhando o caminho que artistas como a Ivete Sangalo, a Claudia Leitte, o Saulo Fernandes, o Bell Marques já trilharam: começar em um grupo e depois seguir solo. Você se espelha em algum deles para esse recomeço?
Não, na verdade não. Eu estou abrindo um caminho meu. Não estou me espelhando em ninguém, me guiando por ninguém, ou olhando para frente e enxergando alguém. Estou abrindo meu caminho mesmo, a minha estrada. Lógico que muitas vezes a gente acaba fazendo coisas que outro artista já fez também, mas não tem uma pessoa que eu siga. Nada de ‘ah, estou seguindo os mesmos passos…’.

E da galera nova que assumiu os lugares deixados por vocês nos grupos? Você acompanha isso?
Hum… Pouco. Eu tenho amizade com algumas pessoas, como o Levi [Lima] do Jammil [e uma Noites], a Mari [Antunes, do Babado Novo], e tudo mais, mas não tenho acompanhado tanto.

O que muda na prática ao sair de um grupo e seguir em carreira solo? Quer dizer, além da questão óbvia da divisão dos lucros!
Muda tudo! Além de ganhar mais, eu tenho que investir muito mais também! (risos) Não é tão fácil. Mas a autonomia tem seu grande valor. Para mim, autonomia é tudo. Criar um repertório, fazer um show da forma que sempre sonhei, tudo isso mudou. Essa autonomia eu não tinha. Escolher o que gravar, mexer no figurino, na luz, no palco, tudo.

Ouça o EP inteiro da Alinne Rosa:

No seu EP, você decidiu todas as músicas que ia gravar?
Sim. Eu gravei cinco faixas inéditas e foi lançado pela Som Livre. Mas eu estou indo aos poucos. Agora estou selecionando mais música para um novo projeto. Depois do Carnaval, já vou focar em um DVD para fazer valer… Os fãs estão querendo muito, então vou focar nisso, para dar esse presente para eles.

Um DVD ao vivo, né?
É, um show mesmo. Mostrar o que eu estou fazendo nas cidades. Vou registrar isso.

Já sabe onde vai gravar?
Ainda não. Tenho algumas opções. Estou pensando em vários lugares, mas ainda não está definido.

Do dia 13 ao dia 17, você não vai parar. Tem Votuporanga, Salvador, Ouro Preto, Ilhéus… Qual a preparação física para dar conta dessa maratona?
A preparação é o ano inteiro. Tem que ter uma equipe de fono, otorrino, personal trainer, nutricionista para tudo sair perfeito. No mês de Carnaval, a agenda fica muito mais apertada, então fica mais difícil. A preparação ao longo do ano que ajuda a chegar bem ao Carnaval. Janeiro e fevereiro são meses em que não tenho muito tempo. Eu, no caso, não estou conseguindo tirar tempo para treinar, porque tenho um compromisso atrás do outro.

Você fica em cima do trio quanto tempo?
Ah, seis, sete, oito horas…

É muita coisa, gente!
Éééé! Muita coisa! (risos) Tem toda uma alimentação para segurar a onda, por exemplo ingerir bastante carboidrato durante o percurso todo, senão a energia cai. A fono também acompanha o percurso todo. Não é só subir e cantar não.

Como isso é possível? Sete, oito horas no trio, vários dias seguidos? O pé não machuca? Não perde a voz?
Eu passo a atadura antes de calçar qualquer coisa, porque antes eu não usava e meu pé acabava cheio de bolha. Mas agora eu passo atadura e diminui um pouquinho, mas mesmo assim machuca, porque são muitas horas pulando e tudo mais, né? E a voz… Tem que ter um cuidado maior. Faço nebulização, aquecimento, desaquecimento. Durante o próprio show, tem algumas pausas de dois minutos para nebulização. Toda uma preocupação para a voz durar até o final.

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É impressionante, porque lá fora muitos artistas internacionais recorrem ao playback e dizem que é impossível fazer um show inteiro dançando e cantando ao vivo. Na Bahia, vocês ficam oito horas cantando ao vivo e pulando! Tem algum segredo?
(Gargalha) É… Não sei… Não tem explicação mesmo! Minha fono costuma dizer que somos maratonistas da voz. Em nenhum outro lugar do mundo tem artistas que fazem isso. Eu acho que é resultado de uma preparação mesmo e de uma equipe que já está acostumada. Minha fono me acompanha há dez anos, então já sabe o que me ajuda. Isso ajuda muito nas oito horas, com cansaço, com sol quente… Eles já sabem o que fazer para me ajudar a aguentar essa maratona.

Fazendo um link com a música pop que é o forte do POPLine, o que você gosta de ouvir?
Eu gosto de um monte de coisa. Gosto da Rihanna, da Miley Cyrus… Tem um monte de gente que curto do mundo pop.

Canta alguma nos shows?
Não, ainda não canto nada delas, mas pretendo. Talvez eu coloque alguma coisa no Carnaval, se der tempo, porque a banda vai ensaiar em Salvador e eu estou em São Paulo. A gente está fazendo ensaios virtuais. Tá uma loucura! (risos) A gente tem que se adaptar muito.

Depois do Carnaval, você falou que vai ter esse DVD. E vai rolar outro EP ou um álbum?
Eu acho que sim. Eu devo lançar um single ou outro EP antes do DVD, até para fortalecer mais meu repertório solo, já que não vou gravar nada do que fiz com o Cheiro de Amor. Então tenho que criar um repertório novo. Acho que vou lançar mais músicas antes.

No Carnaval, você pretende testar algo inédito?
Eu estou trabalhando “Estilo Meu” e “Chegue Chegando”, duas músicas do meu EP. Já estou fazendo nos meus shows e a galera está curtindo muito. Vou cantar no Carnaval.