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De ressaca, Miley Cyrus canta ao vivo e faz o show pop mais divertido que o Rio de Janeiro já viu!


Em maio de 2011, em sua primeira visita ao Brasil, Miley Cyrus, lotou uma arena no Rio de Janeiro de fãs mirins que ainda acompanhavam as reprises da série Hannah Montana. Naquela época, ela tentava dizer que não era aquela estrela da Disney, mas não adiantava – o público gritante era a típica família que vai pro Parque da marca em Orlando duas vezes por ano ou sempre que pode. Era preciso uma mudança radical. E ela conseguiu.

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O que assistimos na última noite, na Praça da Apoteose, não foi a mesma Miley Cyrus pós-Hannah Montana que veio ao Brasil há 3 anos. Agora, estamos falando de um outro artista. De uma outra geração. O local poderia não estar lotado – segundo dados oficiais, 18 mil pessoas viram o show -, mas quem estava lá ficou impressionado com o botão de “não tô nem aí” que a Miley pressionou nos últimos tempos.

A começar pela setlist: ela cortou praticamente todos os hits que fez na primeira tentativa de se desligar do personagem infantil, incluiu apenas “Can’t Be Tamed” e “Party In The U.S.A˜, que ficaram assustadoramente irreconhecíveis. Dos arranjos mais agressivos à interpretação que mais parecia um rap, nada tinha a ver com a versão original. De resto, o show foi sustentado por todas as faixas do álbum ˜Bangerz˜ e alguns covers – teve Beatles e Bob Marley.

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A mistura insana de ousadia e irreverência era a cereja do bolo e não a estrutura que não veio para a turnê na América do Sul, incluindo o escorregador de língua gigante. O melhor que a Miley poderia oferecer era chocar, assustar, entreter e desafiar o público a suportar ou até mesmo aplicar sua atitude descompromissada por aí. Ela vestia tudo que os fãs jogavam no palco: calcinha, camisa com piadas – rolou uma estampada “Hannahconda” em alusão ao hit da Nicki Minaj -, acessórios e perucas. Valia tudo. E mais que isso: a atitude de cuspir água nos fãs após bocejar poderia ser interpretada como algo duvidoso, mas no final das contas podemos concluir que como um ato de afeto. Uma demonstração nojenta de amor. Aliás, há maior demonstração de amor do que cantar ao vivo por quase duas horas de ressaca? “Eu vomitei o dia todo hoje”, disse ela.

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Diferente de outras estrelas pop, Miley não quis apostar num balé com mais de 15 dançarinos que passaram por uma série de testes. A proposta era similar aos de programa de humor da TV que fazem tudo por audiência: quanto mais irreverência melhor. Sabemos que a anã não era um ato de inclusão e sim um objeto de entretenimento.

Outro momento curioso da apresentação é a performance da faixa “Adore You”: com a ajuda de uma fã brasileira, convidada para subir ao palco, Miley pediu para que o público beijasse na boca para aparecer nos telões. Toda forma de amor era válida. Aí ficou claro que as famílias amantes da Disneylândia do show de 2011 foram ˜substituídas˜ por adolescentes que vêem na artista um caminho de libertinagem e rebeldia, porém com limites particulares.

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O ponto alto da apresentação foi a sequência com os hits “We Can’t Stop” e ˜Wrecking Ball˜. Ela deixou as duas faixas para o último bloco e só deixou a desejar no figurino escolhido para o número, que nada tinha a ver com a concepção visual das faixas.

Enfim, é difícil tentar pensar quais serão as armas que a Miley Cyrus vai utilizar daqui pra frente. Se a irreverência vai ultrapassar os limites mais bizarros que podemos imaginar ou se seremos surpreendidos com um álbum de classic rock, country ou jazz. O que de fato sabemos é que Hannah Montana descansa em paz em alguma parte macabra da Disneylândia.