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Amanda Faia: “Perfect Illusion” e a nova Lady Gaga


Olá gente, tudo bom?

Muitos meses afastada daqui, inicialmente do site por causa do nascimento do meu primeiro filho e depois porque estava desmotivada a escrever algo, analisar alguma coisa. Até que Lady Gaga (re) apareceu.

Confesso que estava esperando o videoclipe de “Perfect Illusion” para tentar amarrar a ideia da canção e essa espera acabou na noite desta terça-feira (20).

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Não me considero crítica musical. Apenas uma apaixonada pelo gênero desde criança, alguém que tem muitos anos envolvidos profissionalmente com música e digo com todas as letras: sempre fui fã da Lady Gaga. Não necessariamente de algumas de suas músicas ou de algumas de suas escolhas, muitas vezes os alertas de WTF! e f***-** foram ligados porque acho que era confuso até para ela. Só que de uns tempos para cá, temos uma cantora atenta, com uma imagem coesa mesmo que os fãs que preferem sua vibe “Bad Romance” e “Telephone” estejam agora ligando os alertas.

No clipe, Gaga nos mostra o que sabe fazer: atiçar a multidão, dar um verdadeiro show. Já os enquadramentos e a edição frenética, pra mim, foram a forma perfeita de traduzir em imagem a letra da canção que foi descrita pela cantora como um “ectasy moderno”. Sair do padrão cantora bem maquiada, com planos perfeitos, closes magníficos, caras e bocas, um roteirinho para guiar o espectador pelo conceito do clipe e um par romântico para chamar de seu, no pop, é arriscado. No entanto, no mundo pop onde o próprio gênero é rotulado por ser “tudo igual”, sem nenhuma iniciativa para “provocar” o fã, qualquer mudança gera mesmo estranheza.

Na repercussão de “Perfect Illusion” no POPline vi muitos Little Monsters comentando que Gaga chegou a dizer (se disse eu realmente não lembro) que os “verdadeiros fãs” vão amar. O “verdadeiro” não desmerece intensidade de amor de fã, mas, pelo o que eu entendi, é alguém que abraça a arte que seu artista propõe a fazer.

Gaga disse que “Perfect Illusion” foi uma escolha da gravadora para começar os trabalhos do disco “Joanne” e que a música pode não refletir o caráter pessoal do disco. Somando essa informação com a estética apresentada pela música vibe-rock-anos-80-mas-que-é-pop, fica claro o porquê da escolha de “Perfect Illusion”. O single e seu vídeo trazem uma cantora despida de fantasias, sem nenhuma grande produção, algo que é fácil de ser consumido – muito mais do que aquelas loucuras apresentadas por Gaga antes da “era Jazz”.

Se “Perfect Illusion” não representa o álbum “Joanne” é melhor ainda porque teremos “mais de uma Gaga” no mesmo projeto. Gaga mais uma vez se renova. Tivemos uma Gaga pouco provocativa, mas que já assim era novidade no mecado (“Fame”), uma mais ainda provocativa principalmente esteticamente (“Monster”), uma cantora que estava tentando lidar com questões internas tanto pessoais quanto profissionais (“Born This Way” e “ARTPOP”), uma que nos mostrou todo seu poder eclético, polido e influências (“Cheek to Cheek”) e agora uma mais intimista, com alguns de seus demônios já resolvidos e até amplamente divulgados na mídia.

Tem fã que resiste a mudanças. Eu já as prefiro. Nenhum artista é o mesmo o tempo todo. Entre um disco e outro há novas influências, perceptividade, experiências e isso tudo se traduz no próximo álbum. Cabe ao fã relaxar e se não curtir, dar uma nova chance daqui a algum tempo. Você também muda e o que não te agrada hoje, pode não sair da sua playlist amanhã.